quinta-feira, 8 de março de 2012

Felizes Para Sempre?


Outro dia eu estava folheando uma revista, quando dei de cara com uma matéria dizendo que os contos de fadas tinham mudado. Não é necessário ter beleza, nem morar em um reino encantado, não é preciso ter bons modos, tampouco ser um bom partido, hoje você pode ser feliz para sempre sendo você mesmo, sem viciar-se nos padrões ditados pela sociedade. O filme Shrek é um grande exemplo disso, uma vez que mostra que um Ogro pode, sim, ser feliz para sempre. E qualquer dia, de alguma forma, você encontrará sua Fiona ou, no nosso caso, o nosso Shrek. Bom, pelo menos foi isso que eu li.

Logo comecei a pensar na nossa obsessão por contos de fadas, por querer alcançar o “felizes para sempre”, quando muitas vezes o segredo pode está em ser “feliz para sempre”. Se nos contos de fadas não é mais tão necessário ter grandes qualidades para alcançar a felicidade, talvez na vida real não seja necessário ter um parceiro. Podemos ser felizes para sempre estando sozinhos.

Chega um momento em que a gente cansa de esperar. Que todas aquelas ligações não retornadas, todos aqueles e-mail’s não respondidos mostram que talvez nós não tenhamos nascido pra viver com alguém. Príncipe Encantado? Melhor deixá-los nos contos de fadas. A essa altura, fica difícil aparecer um em seu cavalo branco, fazendo-nos acreditar que a vida vale a pena se for vivida a dois. Trazendo pra vida real, de tanto esperar, descreditamos que em um belo domingo de manhã, esbararemos em algum rapaz que seja o “homem da nossa vida”. Aquele que, só de olhar, a gente percebe o quanto ele foi feito pra nós. O pai dos nossos filh... ops, o homem com quem vamos dividir despesas, comprar um apartamento, sair juntos aos sábados para um cinema e passar o domingo inteiro na cama, crendo que o fato de os dois estarem ali, juntos, já é o bastante para o felizes para sempre de ambos. Cansamos! Não acreditamos mais nisso!

O resultado da descrença dos contos de fadas é, semanalmente, as boates gay estarem lotadas de homens. Todos eles, seminus, procurando algum parceiro para aquela noite. Apenas um parceiro de cama, nada mais que isso. Um pouco diferente de Cinderela, o encanto acaba antes das 6 da manhã. Não há troca de celulares, nem o frio na barriga do primeiro encontro, tampouco sapatos perdidos. Algumas vezes trocam-se os nomes. Algumas vezes.

Tudo isso contribui para o isolacionismo sentimental. Aprendemos a bloquear sentimentos por causa das decepções. Agora os Príncipes Encantados são vistos como os vilões dos contos de fadas (isso quando ainda não desacreditamos da vivência deles). E é a partir desse momento que chegamos ao ápice da descrença: por que precisamos de um felizes para sempre, se posso ser feliz pra sempre?

Bum! Estamos sozinhos! Diariamente, não pensamos mais em relacionamentos, o que queremos mesmo é estudar pra obter um bom emprego e, futuramente, ser bem sucedido. Não saímos mais com a intenção de encontrar alguém (na verdade, ser rolar, tudo bem), mas saímos com o intuito de nos divertir e, garçom, mais uma dose de tequila, por favor!  Não há mais esperanças, o ego é quem está no comando agora. E isso é um perigo, pois resulta em outros contos de fadas destruídos. Uma vez que a gente não crê no nosso próprio conto de fadas, se torna fácil destruir o conto de fadas do outro.

Acreditar no feliz para sempre tem seus devaneios e regozijos.

Eu não acredito mais no felizes para sempre. Hoje. Amanhã, talvez. Por via das dúvidas, vou deixar meu livro aberto. Afinal, nunca se sabe se o Príncipe Encatado vai aparecer com o meu sapato em mãos.


Dor de Cotovelo

Metade dos meus relacionamentos dá errado. Metade não, todos! Se não fosse assim, essa hora eu não estaria sozinho, em frente ao notebook, aguardando algum rapaz interessante me adicionar em qualquer uma das minhas redes sociais, para então surgir um flerte, o primeiro encontro, blábláblá, sexo, mais encontros, blábláblá, sexo, ele sumir uma semana depois e então eu lastimar-me melodramaticamente para os meus amigos, taxando-o de canalha e prometendo pra mim mesmo que da próxima vez será diferente. É sempre assim.

Entretanto, nessa madrugada foi diferente. O facebook, que algumas vezes eu mais o comparo com um amigo sem coração do que com qualquer outra coisa, atualizou, no meu feed de notícias, que um dos personagens do meu R.O.C (Relacionamentos Obsessivos Compulsivos) estava em um RE-LA-CI-O-NA-MEN-TO SÉ-RI-O. Isso mesmo! O facebook não me preparou antes, como um amigo de verdade faria. Ele não me mandou sentar (apesar de eu já estar sentado), nem pediu pra respirar fundo, pois o que ele mostraria dali pra frente teria como consequência dezenas de madrugadas com insônia, fuçando todas as redes sociais desse meu ex, percebendo o quanto ele está feliz, encontrando todos os defeitos possíveis em seu atual namorado e com um pensamento de uma tonelada na cabeça: por que não eu? (Leoni me entenderia).

Foi sem mais delongas. A mensagem estava ali, naquela pequena tela do notebook. Palavras que pareciam ter ganhado vida. Me encaravam, riam de mim, me provocavam. Me veio um súbito pensamento de que talvez os problemas não estejam nos personagens dos meus R.O.C, mas (que terrível), em mim.

Ok, estou sendo demasiadamente dramático. Na verdade, eu nem gostei desse rapaz (desdenhar depois de um fim de relacionamento: quem nunca?). Tivemos uma relação bem breve e EU terminei com ele. Sim, eu! Então por que eu estaria tão afetado? Por que, ao invés de sentir borboletas no estômago, eu as via sobrevoarem minha cabeça? A resposta é fácil: dor de cotovelo.

Há um tempo, quando eu ouvia a expressão “dor de cotovelo”, sempre imaginava um garoto, apoiado sobre o cotovelo, na janela de sua casa, vendo a razão dos milhares de suspiros dados ao ouvir músicas românticas passar com outro garoto que, segundo ele, nem é tão bonito assim. Hoje é diferente. Apesar de eu ainda ver esse mesmo garoto, apoiado sobre o mesmo cotovelo, não há mais janelas, há apenas novas fotos do casal postadas em alguma rede social.

Por mais que nós tenhamos vários relacionamentos, ou até mesmo se estivermos em um relacionamento sério, saber que alguém que já foi o nosso último pensamento antes de dormir está sendo o sonho de outra pessoa, dói. A realidade é que nós estamos tão acostumados a viver em torno do nosso próprio ego e a acreditar que, quando algo em nossa vida não acontece como o planejado, a culpa será sempre do próximo, quando vemos esse próximo planejando acontecimentos que poderão dar certo com outra pessoa sentimos uma leve (tudo bem, enorme) dor de cotovelo.

Dor de cotovelo é apostar todas as suas moedas em um jogo e depois perder tudo. Aí vir um próximo jogador, apostar uma única moeda no mesmo jogo e levar o grande prêmio. É doloroso ver que outro está levando o prêmio que você poderia ter levado, e sem fazer muitos esforços. Pior ainda quando esse prêmio é o coração.

E vocês acham que com os gays seria diferente? Não. O script é o mesmo. A prova disso: eu, você, ou algum ex seu que saiba que você está em um re-la-ci-o-na-men-to sé-ri-o.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Gay ou Sex And The City?

Os dois.

Na minha vida peregrina pela internet, quando chega a madrugada e não tem mais ninguém pra flertar no msn, não há nada de interessante para comentar-se no twitter e quando você já fuçou até a vida da amiga do suposto rapaz que está ficando com o garoto no qual você está interessado (isso sempre acontece comigo), decidi que estava na hora de eu fazer algo para acabar com o meu tédio. E, uma das maneiras de se acabar com o tédio é fazer aquilo que você mais gosta, no meu caso: escrever. Agora, sobre o quê?

Nessas horas vêm centenas de ideias na cabeça. Poderia escrever sobre moda, afinal, gays sempre estão por dentro de todas as últimas tendências. Mas logo vi que não daria certo. Tudo bem, eu entendo de moda, porém não é o suficiente para eu dar minha opinião sem o medo de algum metido a Alexandre Herchcovitch vir contestar minhas ideias.

Então pensei em escrever sobre fofocas, sobre a vida dos famosos, pois gays são experientes em saber da vida alheia e tecer comentários de formas divertidas. Entretanto, há centenas de pessoas que escrevem sobre isso e eu nem sou tão ligado assim pra ficar toda semana escrevendo sobre o que tal famoso fez ou deixou de fazer. Na verdade, acho melhor cuidar da vida de pessoas que são da minha cidade (principalmente se for um ex namorado). Nota: também descartei a ideia de escrever sobre eles, não tenho tempo nem dinheiro pra gastar com processos jurídicos e advogados.

E, foi assim, tudo o que eu pensava se tornava clichê, complexo, ou não era tão novidade assim. Continuei no tédio.

Desisti disso tudo e pus um episódio de Sex And The City pra eu assistir e, na melhor das hipóteses, dormir. Mas, não!

Na maioria dos episódios de Sex And The City, Carrie Bradshaw, a personagem principal, escreve sobre relacionamentos para uma coluna no jornal. Veio-me rapidamente a ideia de escrever sobre isso também, afinal, quem melhor do que eu pra entender (ou achar que entende) de relacionamentos? (abaixo, meu curriculum sentimental):

•    Quatro namoros que não duraram mais de 3 meses (“A Maldição dos 3 meses”, um dia explicarei);
•    Outras dezenas de “ficas” que não duram mais que uma semana;
•    Alguns corações destruídos (principalmente o meu).

Poderia eu não entender sobre essa loucura que é ter uma relação?

Porém (sim, vocês perceberam que na minha vida sempre haverá um “porém” pra foder tudo) essa ideia cai no arquivo de “assuntos que não são novidades”. Carrie Bradshaw fez isso nos anos 90 e meados dos anos 2000 e hoje há centenas de Adeles no mundo que, pra lidar com um fim de um relacionamento, criam músicas, blogs, livros e qualquer outro meio de comunicação pra mostrar pro cara que: Ei, babaca, você me deu um pé-na-bunda, mas eu tô aqui compartilhando essa dor com outras milhares de mulheres que aprenderão (ou, nem sempre) a não acreditar em idiotas como você. Logo, como eu poderia inovar?

Ah, esqueci de dizer uma coisa: eu sou gay.

Espera aí, eu sou gay! Até hoje não vi nenhum site (que não seja pornô, claro) que fale sobre relacionamentos gays. E, a maioria (tudo bem, todos), os relacionamentos que eu tive foram com homens... gays. Touché! Encontrado um assunto que eu entendo, não há muitas pessoas que dissertam sobre e, melhor, vivo isso todos os dias. Pronto, surgiu o blog!

Pretendo compartilhar com vocês todos os altos e baixos de uma relação, que pode ser tão mais complicada que uma relação heterossexual. Espero que gostem!