Metade dos meus relacionamentos dá errado. Metade não, todos! Se não fosse assim, essa hora eu não estaria sozinho, em frente ao notebook, aguardando algum rapaz interessante me adicionar em qualquer uma das minhas redes sociais, para então surgir um flerte, o primeiro encontro, blábláblá, sexo, mais encontros, blábláblá, sexo, ele sumir uma semana depois e então eu lastimar-me melodramaticamente para os meus amigos, taxando-o de canalha e prometendo pra mim mesmo que da próxima vez será diferente. É sempre assim.
Entretanto, nessa madrugada foi diferente. O facebook, que algumas vezes eu mais o comparo com um amigo sem coração do que com qualquer outra coisa, atualizou, no meu feed de notícias, que um dos personagens do meu R.O.C (Relacionamentos Obsessivos Compulsivos) estava em um RE-LA-CI-O-NA-MEN-TO SÉ-RI-O. Isso mesmo! O facebook não me preparou antes, como um amigo de verdade faria. Ele não me mandou sentar (apesar de eu já estar sentado), nem pediu pra respirar fundo, pois o que ele mostraria dali pra frente teria como consequência dezenas de madrugadas com insônia, fuçando todas as redes sociais desse meu ex, percebendo o quanto ele está feliz, encontrando todos os defeitos possíveis em seu atual namorado e com um pensamento de uma tonelada na cabeça: por que não eu? (Leoni me entenderia).
Foi sem mais delongas. A mensagem estava ali, naquela pequena tela do notebook. Palavras que pareciam ter ganhado vida. Me encaravam, riam de mim, me provocavam. Me veio um súbito pensamento de que talvez os problemas não estejam nos personagens dos meus R.O.C, mas (que terrível), em mim.
Ok, estou sendo demasiadamente dramático. Na verdade, eu nem gostei desse rapaz (desdenhar depois de um fim de relacionamento: quem nunca?). Tivemos uma relação bem breve e EU terminei com ele. Sim, eu! Então por que eu estaria tão afetado? Por que, ao invés de sentir borboletas no estômago, eu as via sobrevoarem minha cabeça? A resposta é fácil: dor de cotovelo.
Há um tempo, quando eu ouvia a expressão “dor de cotovelo”, sempre imaginava um garoto, apoiado sobre o cotovelo, na janela de sua casa, vendo a razão dos milhares de suspiros dados ao ouvir músicas românticas passar com outro garoto que, segundo ele, nem é tão bonito assim. Hoje é diferente. Apesar de eu ainda ver esse mesmo garoto, apoiado sobre o mesmo cotovelo, não há mais janelas, há apenas novas fotos do casal postadas em alguma rede social.
Por mais que nós tenhamos vários relacionamentos, ou até mesmo se estivermos em um relacionamento sério, saber que alguém que já foi o nosso último pensamento antes de dormir está sendo o sonho de outra pessoa, dói. A realidade é que nós estamos tão acostumados a viver em torno do nosso próprio ego e a acreditar que, quando algo em nossa vida não acontece como o planejado, a culpa será sempre do próximo, quando vemos esse próximo planejando acontecimentos que poderão dar certo com outra pessoa sentimos uma leve (tudo bem, enorme) dor de cotovelo.
Dor de cotovelo é apostar todas as suas moedas em um jogo e depois perder tudo. Aí vir um próximo jogador, apostar uma única moeda no mesmo jogo e levar o grande prêmio. É doloroso ver que outro está levando o prêmio que você poderia ter levado, e sem fazer muitos esforços. Pior ainda quando esse prêmio é o coração.
E vocês acham que com os gays seria diferente? Não. O script é o mesmo. A prova disso: eu, você, ou algum ex seu que saiba que você está em um re-la-ci-o-na-men-to sé-ri-o.
Essa situação é mais frequente do que se pensa (ou do que se admite). Lidar com isso é um esforço que compensa muito no fim, mas durante o processo é desgastante, árduo e demorado(sempre é...). Parabéms pelo texto, posso dizer que você está se saindo muito bem meu querido! Ass: Jacque Justus
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